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6 de julho de 2014

Varandas






Ilustração de Elisabetta Trevisan

É na varanda que os poemas emergem
Quando se azula o rio e brilha
O verde-escuro do cipreste – quando
Sobre as águas se recorta a branca escultura
Quasi oriental quasi marinha
Da torre aérea e branca
E a manhã toda aberta
Se torna irisada e divina
E sobre a página do caderno o poema se alinha



Ilustração de Elisabetta Trevisan


Noutra varanda assim num Setembro de outrora
Que em mil estátuas e roxo azul se prolongava
Amei a vida como coisa sagrada
E a juventude me foi eternidade


Sophia de Mello Breyner Andresen, "O Búzio de Cós", in Obra PoéticaCaminho, 2011, 2ª ed., p. 820