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16 de janeiro de 2013

Silêncio ou luxo

O silêncio passou a ser um luxo.

A cena do criado ou do empregado doméstico, no alto do seu escadote, a espanejar amorosamente os derradeiros volumes da biblioteca cheira a nostalgia suspeita. O tempo acelerou espantosamente, como Hegel e Kierkegaard foram dos primeiros a fazer notar. Os vários momentos de tempo livre de que depende qualquer leitura séria, silenciosa e responsável tornaram-se apanágio quase exclusivo dos universitários e dos investigadores. Vamos matando o tempo em vez de nos sentirmos à vontade adentro dos seus limites.

Georges Steiner, in O silêncio dos livros
Ilustrações de Vladymyr Lukash