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21 de novembro de 2012

Cordão umbilical da cultura



Ilustração de Danuta Wojciechowska
Cultura e religião não são a mesma coisa, mas não são separáveis, pois a cultura nasceu dentro da religião e, embora com a evolução histórica da Humanidade se tenha vindo a afastar parcialmente dela, sempre estará unida à sua fonte nutritiva por uma espécie de cordão umbilical. A religião, "enquanto dura, e no seu próprio campo, dá um sentido aparente à vida, proporciona o enquadramento para a cultura e protege a Humanidade no seu todo do aborrecimento e do desespero".





Quando fala de religião, T.S. Eliot refere-se fundamentalmente ao cristianismo, que fez, diz ele, da Europa o que é. "As nossas artes desenvolveram-se dentro do cristianismo, as leis até há pouco tinham as suas raízes nele e foi tendo o cristianismo como fundo que o pensamento europeu se desenvolveu. Um europeu pode não acreditar que a fé cristã seja verdadeira e, no entanto, aquilo que diz, acredita e faz provém da fonte do legado cristão e depende dela o seu sentido. Só uma cultura cristã podia ter produzido Voltaire ou Nietzsche. Eu não acredito que a cultura da Europa pudesse sobreviver ao desaparecimento da fé cristã".

Mario Vargas Llosa, in A Civilização do Espetáculo (citando T.S.Eliot),  Quetzal, pp. 14-15