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29 de outubro de 2012

Ler e escrever não é privilégio de alguns

Os livros deixaram de valer como segredos, são abertos a todos: assim parece. 

Ilustração de Fernando Casado Mora

Não nos deixaremos privar da reconfortante certeza de ter havido um efectivo progresso e não podemos senão comprazer-nos com o facto de ler e escrever já não serem o privilégio de uma casta ou corporação e, pelo contrário, desde a invenção dos caracteres de imprensa, de o livro se ter tornado um objecto de uso e de luxo difuso em larguíssima escala, d[e] as grandes tiragens lhe consentirem ser vendido a baixo preço e de todos os povos poderem, deste modo, tornar acessíveis os seus melhores livros (os chamados "clássicos") mesmo para as pessoas com menos posses. Nem nos afligiremos excessivamente por causa da ideia de o livro estar agora quase inteiramente despido do seu antigo carácter sublime...

Herman Hesse, in Uma biblioteca da literatura universal