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8 de outubro de 2012

O perfume precioso

(Lc 7, 36-50)


Havia um vaso de perfume
em barro branco
e a mulher que se colocou de gatas
radiante por poder exibir a farta cabeleira
Mas ao quebrá-lo daquele modo aos pés do hóspede
misturou o nardo imprevistamente
com o cheiro de uma mulher que chora

Ilustração de ShiShi Nguyen

O anfitrião especado observava, sem pronunciar um som
o mestre, porém, olhou-a com os seus olhos de cão meigo
a vagabundagem e a pobreza
eram direitos de quem entrou e saiu das trevas
para fazer da infelicidade um uso

Recordarei sempre aquele momento
perfeito fio de prumo
que indica o centro da terra

Tolentino Mendonça, in Estação central