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28 de janeiro de 2012

O indizível

Ilustração de Vladimir Olenberg

Não é fácil anunciar a partida de alguém que amamos. Só os poetas sabem traduzir o indizível e são capazes de nos substituir quando andamos um dia inteiro às voltas, entre sentimentos, recordações, factos e vivências, para escrever duas linhas e comunicar uma vida.

Esta manhã fui surpreendida com a notícia da morte de uma amiga. Não sei se teve ou não consciência da sua partida; pode ter descansado “ignorante da morte”, mas sem dúvida “certa da sua ressurreição”, como diria Eugénio de Andrade, poeta que elegi para dar voz ao meu balbuciar de palavras contidas. 

Maria Carla Crespo